Um novo projeto de lei financeiro, apoiado pelo ex-presidente Donald Trump, pode deixar até mesmo o americano médio perplexo: ele tem potencial para adicionar impressionantes US$ 3 trilhões à já gigantesca dívida nacional dos Estados Unidos. A proposta, atualmente em análise no Senado, tende a agravar ainda mais o elevado déficit orçamentário — um cenário que, segundo analistas do UBS, parece cada vez mais inevitável.

Batizado de "One Big Beautiful Bill Act", o pacote legislativo reúne uma série de iniciativas defendidas por Trump, incluindo cortes de impostos, aliados a aumentos nos gastos com defesa e controle migratório. A Câmara dos Deputados já aprovou sua versão do projeto, e agora o Senado discute possíveis emendas.

De acordo com estimativas do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), a proposta pode elevar significativamente a dívida pública americana — que hoje já ultrapassa US$ 36,2 trilhões, o equivalente a mais de 120% do PIB do país. Além disso, o déficit fiscal, atualmente em 6,4% do PIB, pode subir para 7% até 2027, caso a proposta seja aprovada.

O cenário acende um sinal de alerta nos mercados. O aumento do endividamento fez subir o chamado "prêmio de risco" dos títulos do Tesouro de longo prazo — isto é, o rendimento adicional exigido pelos investidores para manter papéis de dívida com vencimentos mais distantes.

Os analistas do UBS observam que as preocupações com a trajetória da dívida pública também pressionam o mercado acionário, especialmente pelo impacto potencial sobre o custo do crédito e a carga tributária futura.

Apesar disso, muitos investidores seguem confiantes na capacidade dos Estados Unidos de administrar sua dívida colossal, amparados na credibilidade da Reserva Federal e no status do dólar como principal moeda de reserva global — fatores que, por enquanto, sustentam a confiança na capacidade do país de honrar seus compromissos financeiros.

Ainda assim, o UBS faz um alerta contra qualquer otimismo excessivo:

“Sem dúvida, uma política comercial e tarifária equilibrada será fundamental para mitigar os riscos fiscais e evitar uma recessão. Ganhos de produtividade impulsionados pela inteligência artificial, investimentos em infraestrutura energética e tendências demográficas favoráveis serão essenciais para estimular o crescimento do PIB e estabilizar — ou até reverter — a trajetória da dívida.”