O Reino Unido mudou de ideia sobre o Brexit? Não exatamente — mas tudo indica que está se preparando para redefinir os termos de sua relação comercial e econômica com a União Europeia, sinalizando um possível arrefecimento das tensões do pós-divórcio.

Segundo fontes recentes, o primeiro-ministro Keir Starmer iniciou uma reconfiguração estratégica das relações entre Londres e Bruxelas — o primeiro gesto concreto de reconciliação desde que o país deixou oficialmente o bloco. No centro das negociações está um acordo de cooperação em defesa, que abriria às empresas britânicas acesso ao ambicioso programa europeu de rearmamento, estimado em 150 bilhões de euros.

Outros pontos em discussão incluem a redução de barreiras comerciais e a possível reintegração do Reino Unido ao programa de intercâmbio educacional Erasmus+, o programa da UE para apoiar a educação, a formação, a juventude e o desporto na Europa.

Conhecido defensor da permanência na UE, Starmer aposta no pragmatismo dos eleitores britânicos, convencido de que os ganhos econômicos e estratégicos de uma relação mais próxima com o bloco superam as críticas dos brexiteiros mais ferrenhos. Entre as prioridades do governo estão a simplificação das exportações de alimentos e a facilitação de viagens de cidadãos britânicos pelo continente. Em troca, o Reino Unido estaria disposto a negociar acordos limitados de mobilidade juvenil e concessões pontuais em direitos de pesca.

Embora o governo continue rejeitando a volta ao mercado único ou à união aduaneira, agora busca acesso direcionado a setores específicos da economia europeia. Para isso, admite até adotar parcialmente certas normas da UE — especialmente com o objetivo de aliviar os efeitos da inflação sobre agricultores e pequenos negócios.

Analistas observam que, diante de um cenário global instável e das crescentes tensões geopolíticas, estreitar os laços com a União Europeia deixou de ser apenas uma questão econômica. Trata-se, cada vez mais, de segurança nacional.